sábado, 6 de dezembro de 2008

Bom dia

"Na frente do espelho sem que ninguém a visse
Miss, linda, feia
Lindonéia desaparecia
Despedaçados, atropelados
Cachorros mortos nas ruas
Policiais vigiando
O sol batendo nas frutas
sangrando
Ai, meu amor a solidão vai me matar de dor
Lindonéia, cor parda
Fruta na feira
Lindonéia solteira
Lindonéia, domingo, segunda-feira
Lindonéia desaparecida
Na igreja, no andor
Lindonéia desaparecida
Na preguiça, no progresso
Lindonéia desaparecida
Nas paradas de sucesso
Ai, meu amor a solidão vai me matar de dor
No avesso do espelho
Mas desaparecida
Ela aparece na fotografia
Do outro lado da vida"


(Fernanda Takai)




Sua voz cantando aos meus ouvidos. E um bom dia pra você também! Bom dia, belo dia Lindonéia.

(L.M.)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

De Drummond a Lispector

"Clarice,
veio em um mistério, partiu para outro.
Ficamos sem saber a essência do mistério.
Ou o mistério não era essêncial,
era Clarice viajando nele.
Era Clarice bulindo no fundo mais fundo,
onde a palavra parece encontrar
sua razão de ser, e retratar o homem.
O que Clarice disse, o que Clarice
viveu por nós em forma de história
em forma de sonho de história
em forma de sonho de sonho de história
(no meio havia um barata
ou um anjo?)
não sabemos repetir nem invetar.
São coisas, são jóias particulares de Clarice
que usamos de empréstimo, ela dona de tudo.
Clarice não foi um lugar-comum,
carteira de indentidade, retrato.
De Chirico a pintou? Pois sim.
O mais puro retrato de Clarice
só se pode encontrá-lo atrás da nuvem
que o avião cortou, não se percebe mais.
De Clarice guardamos gestos. Gestos,
tentativas de Clarice sair de CLarice
para ser igual a nós todos
em cortesia, cuidados, providências.
Clarice não saiu, mesmo sorrindo.
Dentro dela
o que havia de salões, escadarias,
tetos fosoforescentes, longos estepes
zimbórios, pontes do Recife em bruma envoltas,
formava um país, o país onde Clarice
vivia, só e ardente, construindo fábulas.
Não podíamos reter CLarice em nosso chão
salpicado de compromissos. Os papéis,
os cumprimentos falavam em agora,
edições, possivéis coquetéis
à beira do abismo.
Levitando acima do abismo Clarice riscava
um sulco rubro e cinza no ar e fascinava.
Fascinava-nos, apenas.
Deixamos para compreendê-la mais tarde.
Mais tarde, um dia... saberemos amar Clarice."
(Carlos Drummond de Andrade)





*Quando o avião passou. Um gesto.*

quinta-feira, 15 de maio de 2008


Quereria eu registrar mais solidamente o que meus olhos vêm,
o que através deles sinto.
Sinto.
E se a música que canta aos meus ouvidos deixasse-me morrer por ela.
Seria tudo em câmera lenta.
Mas aqui nesse outro universo não se pode falar com a gramática.
Te amo, te amo.
Me amo tanto.
Ó! não.
Se vá, vá indo arrastando todo o... todo o...
o que eu não sei dizer.
E poderás ficar adormecida, minha querida.
Sorria nessa plenitude, sangrando.
Quando eu me transporto aqui dançando, quando eu não penso pensando, quando eu só queria era viver mais, sentir mais, bem mais.
Ah! se meus sentidos registrassem.
Não passageiro de mim nem de tudo.
Pois, que passe então!

(L.B.)

na janela

e ainda pude me aventurar sentido a sensação de ser livre dentro de uma prisão.
dava pra sentir o vento frio penetrando na minha pele.
só se via um dedinho do céu, e uma estrela.
Ó, ela era tão hipinotizante. chorei tão lindo, mas tão lindo.
porém não tinha lágrimas, era mais que isso.
E ainda pude me aventurar
(L.B.)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

quero...

quero voce sempre bem, nao esquece
quero voce do jeito que for, comigo
quero voce quero voce, ainda que seja egoismo
eu quero voce garota, por nossa eternidade
quero voce com todos os ventos, e quando não há tempo
quero voce me querendo, e se querendo
quero voce livre e respirando, sorrindo
quero quero voce, simplesmente
quero, admiro, amo voce, entende?!

(L.B.)